Caverna Temimina Foto de Thiago Benedicto |
Diferente de como fazemos sempre,
no feriado de Finados saímos direto dos trabalhos de cada um (até a Júlia
direto da escola) e seguimos para Apiaí.
Até Capão Bonito, estrada reta,
tranquilinha, pegamos uma boa parte da estrada ainda no claro, depois até
Guapiara, estradinha mais ou menos, mas depois, para Apiaí... estrada ruim,
curvas, chuva, escuro e ainda uma neblina forte, nos fez demorar o mesmo tempo
que levamos de São Paulo até Capão Bonito...
Mas, depois de algumas
realocações de Hotel, acabamos parando no Gold Inn,
um lugar novinho em folha, ainda faltando alguns acabamentos, mas fomos bem
instalados, e o quarto, surpreendeu, pelos nossos modestos gostos, onde
buscamos só uma cama limpa e um chuveiro quente. Nosso quarto era imenso, o
grupo apelidou de “salão”, onde faríamos o “baile de confraternização” no final
do dia, com camas tipo box, edredons novinhos, travesseiros macios, um daqueles
chuveirões, TV a cabo no quarto, prá que mais???
Às 21:30 hs, nem fizemos check in
e o gerente Ricardo, nos indicou um lugar mais em conta, que talvez
encontraríamos uma jantinha mais caseira, do que o Restaurante Tuk’s que
havíamos ouvido falar, e fomos tentar jantar na Lanchonete e Restaurante Grego.
Pelo horário, a atendente
informou que não era possível mais fazer janta, então sobrou a opção do lanche ...
Começou então, o périplo do
pedido, que rende boas gargalhadas até hoje:
Vou colocar a legenda para
facilitar: A- atendente N-nós
“A-Pode pedir só o que está no
lado esquerdo do cardápio. (aqueles cardápios simples de lanchonete, tipo
sanfona, de 3 partes).
N-Ah! Então esses que estão no
meio não pode??(Na folha do meio do cardápio. Eram os lanches servidos no
prato)
A-Não, não pode.
N-Mas batata frita (que estava na
parte dos proibidos) pode?
A-Não sei, vou perguntar.
Ela volta logo em seguida e diz
que pode pedir a batata frita.
Pergunto sobre o churrasquinho,
como estaria a carne deste churrasquinho, e ela faz uma sinal com a mão.
Desisto do pedido, sem decifrar o que vinha a ser o sinal e escolho outra
coisa.
Fazemos o pedido e o Thiago
pergunta se o lanche dele pode acrescentar milho.
A-Se a lata estiver aberta, pode
acrescentar, se não, não pode.
Thiago: Então eu quero X..., se a
lata estiver aberta, com milho, se não estiver aberta, sem milho. Ah! E pede
para tirar o tomate, por favor...
Os lanches chegam, imensos, com
uma cara ótima (e barato, cerca de R$ 10,00 cada um) tão grandes, diga-se de
passagem que eu e a Júlia não conseguimos terminar, de tão grande.
O lanche do Thiago chega... com
tomate....
-Mas eu pedi sem tomate...
A: Ah! Mas foi a moça que
colocou...
Bastante satisfeitos, de comer e
rir bastante, voltamos cansados para o Hotel para descansar.
Cachoeira do Maximiniano Foto de Thiago Benedicto |
Cachoeira do Maximiniano
Dia seguinte, tínhamos combinado
com o Robson (nosso amigo que é monitor em Intervales) direto no Núcleo
Caboclos, por volta das 10:00 hs, então deveríamos sair do Hotel 1h30 antes,
considerando os 30 km de estrada e mais 16 km de estrada de terra até o Núcleo.
Atrasamos um pouquinho, a entrada
da estrada de terra é sinalizada, e está bem ruim na sua entrada, mas depois
melhora, até o posto de controle, onde encontramos com nossos monitores,
assinamos e pagamos a nossa entrada. R$ 9,00 por pessoa e estudante paga meia.
Dividimos os dois monitores e
mais sua acompanhante nos três carros e descemos até a área de camping do
Núcleo. Uma área bem grande, plana, área para estacionamento e mais para cima,
sanitários e uma área coberta, que não chegamos a ver.
Àrea do Camping |
O pessoal chegando e montando as barracas |
Da área do camping, é possível
fazer a Trilha do Chapéu, uma trilha de 500 metros, que compreende as Cavernas
de Chapéu Mirim I e II e que leva ainda à Gruta do Chapéu. Como estávamos na
área mesmo, olhamos rapidinho as duas Cavernas, umas fotos, e nesse período,
entre chegar até a área de camping e o Flávio nos mostrar tudo, passamos quase
1h30 de novo, e pelo horário, seria corrido demais fazer a visita à Caverna
Temimina, então o grupo decidiu visitar a Cachoeira do Maximiniano.
O Flávio e o Robson decidiram
fazer o caminho mais comprido até a Cachoeira, e lá fomos nós. Como havia
chovido bastante, a trilha estava bem pesada.
Passamos pelo caminho que não
pertence ao Parque, uma antiga propriedade, e o Flávio foi nos explicando sobre
a história do lugar e ainda, nos mostrando a flora local e colhendo os frutos
da região, como o limão rosa, a lima, a amora verde, os moranguinhos
silvestres, coquinhos...
Parada para a colheita de frutos Foto de Thiago Benedicto |
Era uma fazenda que empregava
muitos funcionários, havia uma comunidade grande naquela região, até com uma
capelinha construída para essa comunidade, uma pedreira, onde extraíam minérios,
até 1994, quando o IBAMA fechou tudo.
Pequenas delicadezas |
Não, não é o dedo, é o bichinho |
Chegamos até a região da pedreira
e continuamos a trilha, ainda bem fechada, o Flávio tendo que abrir caminho com
o facão, sinal que não era frequentada há bastante tempo, e subindo e descendo,
parando de vez em quando para observar as pequenas delicadezas da trilha,
chegamos a parte final da trilha, onde temos que andar pelo rio Maximiniano.
Para aqueles que têm dengo com a
bota supostamente impermeável... esqueça!! Você vai se molhar!
Cachoeira Maximiniano |
No final, encontramos a
Cachoeira, com um belo poço para banho, e a queda não é muito grande, cerca de
3 ou 4 metros. Subindo as pedras pelo lado direito da queda, o Ogro acessou a
parte de cima da Cachoeira, é disse que é lindo, a água que sai da gruta mais
uma outra corrente de água do lado direito forma uma pequena cachoeira, onde se
juntam, formando um lago que logo mais para frente vai formar a Cachoeira do
Maximiniano. Só é meio arriscado subir pelas pedras e para descer ele teve que
pular para o lago onde estávamos.
Tomamos um lanche reforçado,
fazendo um pic-nic comunitário com todos os lanches e retomamos o caminho da
volta. Neste ponto já eram mais de 16:00 hs.
A volta foi mais rápida, todos com
medo de pegar a escuridão na mata, além dos monitores terem feito o caminho
mais curto desta vez, depois da pedreira, seguindo sempre em frente numa
estrada larga (possível até de chegar com o carro, não fossem alguns galhos bem
grandes caídos), chegamos à área do camping por volta das 19:00 hs, cerca de 17
km depois de uma caminhada pesada e difícil.
Nos despedimos dos monitores e
subimos toda a estradinha de terra para sair do Núcleo Caboclos. Decidimos no
meio do caminho, que não daria tempo de chegar ao Hotel, tomar banho, se
trocar, porque neste dia, todos necessitavam de uma boa refeição e fomos assim,
sujos, molhados e cheios de terra de volta para a cidade procurar um
restaurante.
A Lizanda (e nós só ouvindo,
claro!) ficou o dia inteiro perguntando para a Neusa, que estava com os
monitores, sobre informações de onde comer feijão tropeiro pela cidade e ela
indicou o Restaurante Pilão e a Boléia.
Como tínhamos passado pelo Pilão
no dia que chegamos, acabamos jantando lá mesmo, pois já havia passado das
21:00 hs. Self service, por R$ 12,00 cada um, com direito a suco de maquininha
a vontade. Comida simples e caseira, não sei se pela fome, cansaço e o dia
inteiro sem comer, estava bom. Arroz, feijão, macarrão, linguiça, frango, carne
de panela e uns 3, 4 tipos de salada.
Satisfeitos, voltamos para o
Hotel, bem cansados, descansar para nos preparar para a Caverna Temimina no dia
seguinte.
Caverna Temimina |
Caverna Temimina
Marcamos de encontrar nossos
monitores já na entrada da estradinha que levava à Caverna, bem depois do posto
de controle, onde um portão de ferro mostrado no dia anterior, marcava o ponto
de encontro.
Depois de novo registro no posto
de controle, o respectivo pagamento e um pequeno contratempo pelo meu cálculo
incorreto da quantidade de combustível do carro e o nosso remanejamento nos
outros dois carros restantes, descemos para encontrar nossos monitores.
Desta vez encontramos com dois
grupos na trilha, um grupo com 4 rapazes e outro com umas 6~7 pessoas, que sabíamos ser um privilégio, pois o lado
do Núcleo Santana, Ouro Grosso e Casa de Pedra já li que não adianta fazer
reserva, entram os primeiros que chegarem e o Robson disse que às vezes, em
feriados, chega a ter 500 visitantes.
( |
Olha essa situação... Antes... |
Depois... |
Capacetes distribuídos e
começamos nossa trilha. Como foi falado e perguntado exaustivamente por várias
pessoas no dia anterior, a caminhada desta vez foi realmente mais tranquila, em
estrada mais aberta, sem aquela vegetação de mata secundária do dia anterior,
com direito até à uma parada estratégica para tomar de assalto uma
jabuticabeira carregadinha!
Algumas subidas e muitas descidas
enlameadas com tombos e escorregões inevitáveis de todos, chegamos à uma
bifurcação e a pergunta fatídica: fazer o caminho mais curto ou mais longo?
Como estavam todos ainda cansados
da caminhada do dia anterior, optamos pelo caminho mais curto, claro! Lógico
que algumas facilidades não acontecem de graça...
Logo mais à frente, podemos
observar um lindo paredão de pedra, no meio da mata, onde deveria ficar a
entrada da Caverna láaa na frente e abaixo dos nossos pés uma descida bem
pesada, com cordas para auxiliar a descida, pedras, areia e abismo... mal
sinal....
Descendo.... |
Mais descida... |
Fomos descendo devagarzinho,
pisando onde o Flávio colocava os pés e as mãos, nos segurando nas pedras, nos
galhos de árvores, a corda e pensando ainda, o que poderia acontecer, com todo
mundo ao mesmo tempo se pendurando na corda, enfim.... tenso....
Em alguns momentos, mais
preocupantes o Hebert caía na risada nervosa e saía com coisas como:”-Johnny,
aqui dá pra morrer umas três vezes, hein???” ou “pensa numa parmegianna!!!”
Logo terminamos a descida e chegamos
ao ponto de cruzar o rio. Uma trilha pequena e chegamos à entrada da Caverna.
Cruzamos o rio várias vezes dentro da caverna e começamos a subir uma ladeira
para acessar a parte de cima.
Nesta altura, cerca de 3:00 hs
quase de caminhada, perto do 12:00 h, paramos para descansar um pouco e comer.
Pic nic coletivo no chão da caverna. Delícia!
Subimos então, para conhecer a parte
de cima, linda, imensa e chegamos até a um ponto com uma linda formação e não
podemos seguir adiante pois logo em seguida há um abismo enorme.
Caverna Temimina Foto de Thiago Benedicto |
Descemos novamente em direção ao
rio e fomos conhecer a parte inferior da Caverna. Diferente das cavernas e
grutas que visitamos em Intervales,
surpreende os salões imensos, com quase 30 metros de altura, segundo os guias e
as janelas de luz aqui e ali formam imagens lindas!
Caverna Temimina Foto de Thiago Benedicto |
Cruzamos o rio várias vezes e fomos explorando mais um pouquinho da caverna. Os monitores nos levaram até o chuveirão, uma formação bem interessante, onde a água passa por dentro da rocha de calcário e o depósito do minério foi formando uma estalagmite gigante, onde depois de muitos e muitos anos irão se juntar, como nos mostraram os monitores numa formação mais para frente.
Caverna Temimina |
Mais umas fotos e tomar o rumo da
trilha de volta.
Fizemos o mesmo caminho da ida e
depois ficamos sabendo que o caminho mais extenso estava bem complicado pela
chuva e ainda pela grande quantidade de quadriciclos da empresa contratada que
estavam circulando pelo local para trazer material para obras de melhoria ao
acesso da Caverna. Logo no trecho inicial da descida íngreme, vimos várias
peças de madeira que deverão ser usadas para essas melhorias.
Novamente passamos pela subidona
com as cordas aos gritos da lembrança de um belo bife à parmegiana que deveria
estar nos esperando, nos dando força!!!
Segundo os monitores, andamos
cerca de 10 km dessa vez.
Chegamos dessa vez ainda claro de
volta ao posto de controle, nos despedimos de nossos monitores e rumamos para
Apiaí. Pela primeira vez pegamos a cidade ainda ao entardecer e fomos jantar
devidamente banhados e limpos no Tuk’s.
Restaurante a la carte e a pedida
foi o bife à parmegiana, claro. Eu e a Júlia comemos um rondelli ao funghi,
muito bom! Os pratos que servem 2 pessoas custam em torno de R$ 40,00.
Esta noite, promessa de uma noite
de jogatina, queijo e vinho no nosso “salão” foi abandonada diante do cansaço
pelas duas caminhadas pesadas e descansamos cedo.
Casa do Artesão Foto de Thiago Benedicto |
Casa do Artesão
Aprontamos nossas bagagens, check
out, e fomos visitar mais dois pontos turísticos de Apiaí antes do nosso
retorno.
Além do valor histórico, do
próprio casarão, uma construção de 1901, copiando aqui da plaquinha exposta lá:
“...esta casa não guarda apenas as recordações do calor doméstico. Para seus
habitantes ela está ligada à história local de diversas maneiras. Teria
funcionado, na Revolução Constitucionalista de 1932, como lugar de abrigo de
feridos. Ali se reunia a Sociedade de Amigos do Município, clube onde se
dançava nos dias de festa, e era o depósito de algodão em que crianças
brincavam. Desde 1973 abriga um aspecto da história da cidade e de sua
identidade: o trabalho das famílias das ceramistas.”
Peças expostas na Casa do Artesão Foto de Thiago Benedicto |
A Sala das Mestras reúne objetos
que pertencem à coleção da Prefeitura Municipal de Apiaí, composta ao longo de
cerca de trinta anos.
..."Da argila variada e abundante nas
regiões de Apiaí, Itaoca, Barra do Chapéu e Serrinha, as mulheres “teciam” os
objetos da vida diária: seus potes para armazenar e refrescar a água, guardar
seus alimentos, suas moringas para levar água para a roça, as panelas de arroz
e de feijão para cozinhar... Ainda hoje, aos homens, em geral, cabem as tarefas
mais pesadas de retirar barro, pegar lenha, ajudar na queima. E na rotina
diária as crianças, sempre por perto, observam, participam, ajudam aqui e ali
e, assim, aprendem, mantendo viva essa tradição...."
A Maria, que nos atendeu e
acompanhou nossa visita nos mostrou também o folder que mostrava os bairros
Artesãos do Vale do Ribeira onde são produzidas as peças: Serrinha, Lageado,
Ponte Alta, Bom Retiro, Pavão, Pinheiros, Palmital e Encapoeirado, Apiaí entre
outros. Na parte inferior de todas as peças, consta o nome também de cada
artesã que confeccionou a peça.
Vimos ainda a moringa tripé, em
vários tamanhos que virou até símbolo da cidade.
Ainda, numa sala estão expostos
artigos trançados em palha e taboa também para venda.
Ruínas da antiga mineração de Ouro |
CIT- Centro de Informações Turísticas
Além de informações turísticas
com monitores ambientas também podemos visitar o Parque Municipal do Morro do
Ouro, onde existe uma trilha, que deve levar em torno de 2:30 h, segundo
informações, que consistem na Trilha de Ouro, a Pedra Amarela e o Mirante.
Podemos observar ainda, as Ruínas
da Antiga Mineração de Ouro, onde restam hoje só a chaminé e os tanques.
Pássaro visto no CIT Foto de Thiago Benedicto |
Nossas impressões
Certamente ficaram muitas
atrações turísticas a serem visitadas.
Ouvimos na Casa do Artesão que a
atração deverá ser transferida para a área de entrada à cidade, perto do CIT e
ainda, que em frente a este, será inaugurada uma lanchonete que oferecerá
iguarias típicas da região. Promete!!
Apesar de certamente ter trazido
desenvolvimento e movimento para a cidade, (pude perceber pela lotação de
várias hospedagens para recepcionar os funcionários da empresa) preciso
comentar que infelizmente a imagem da fumaça negra saindo da InterCement, que
pertence ao Grupo Camargo Corrêa nos causou um impacto negativo naquela
paisagem bucólica. Foi algo contrastante e chocante.
Ouvimos muito falar no Petar,
ainda faltam visitas em outros três Núcleos, como já dissemos, mas os monitores
comentaram que este Núcleo ainda é o menos visitado, conservando ainda portanto,
o aspecto mais rústico e selvagem entre os três Núcleos.
Recomendamos o lugar, mas achamos
as trilhas pesadas para crianças muito pequenas. As crianças maiores, só
se forem acostumadas com trilhas ou a partir dos seus 7~8 anos de idade. (ainda assim com supervisão e só se forem bem
acostumadas).
Ainda faltaram para visitar,
segundo os Guias que consultamos: a Trilha da Água Sumida, a Cachoeira Sete
Reis, as Trilhas da Pescaria, das Cavernas da Pescaria e da Desmoronada
(interditada até as últimas informações), a Trilha e Caverna do Espírito Santo,
a Trilha da Caverna da Arataca e Gruta do Monjolinho e a própria Trilha do
Chapéu, na área do camping, além de outras atrações dentro da Caverna Temimina,
que conhecemos só uma parte, ou seja, ainda devemos visitar muitas vezes este
belo e rústico local.