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Cachoeira do Tabuleiro Foto de Thiago Benedicto |
Conceição do Mato Dentro
Cachoeira do Tabuleiro
Depois
de uma noite descansando, (mesmo com o episódio do gatinho), já refeitos,
principalmente após o lauto café da manhã da
Pousada da Gameleira com
frutas, queijo mineiro, pães recheado e integral, pão de queijo, bolos e
biscoito de polvilho, tudo feito na Pousada, pelo comando do Sérgio, nos
preparamos para nosso primeiro passeio: a atração mais famosa e comentada: a
Cachoeira do Tabuleiro.
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Café da manhã da Pousada Gameleira |
Escolhemos
esta Pousada por indicação e também pelo suporte que o Samuel nos prestou
durante nossas pesquisas. Além de estarem incluídos na diária o café da manhã e
um almoço tardio, o próprio Samuel faz o trabalho de guia, e não somente
mostrando o caminho, mas contando sobre a história do lugar, alguns fatos
inusitados e explicações gerais sobre fauna e flora do local. Um “bônus” ainda,
é que ele é (cá entre nós, a melhor qualidade que possamos comentar de uma pessoa...)
muito viajado, então, nas paradas e nas conversas assistindo televisão,
conversávamos sobre... adivinha... viagens, que chato! Brinquei que ele deveria
ser o mestre dos guias, pois todos os lugares que falávamos, ele conhecia,
contava causos ou sempre tinha uma curiosidade para contar...
Pelo
período, para nosso grupo de 6 pessoas, que acabamos optando por um quarto
coletivo, com 3 beliches, por questões “operacionais” rsrs..., pagamos R$
1.800,00, que incluía o café da manhã e
almoço de domingo a terça-feira e o café da manhã da quarta-feira.
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Cachoeira do Tabuleiro Foto de Thiago Benedicto |
...Ӄ a cachoeira mais alta de
Minas Gerais e a terceira maior do Brasil. São 273 metros de queda livre
formada a partir de um paredão de beleza monumental. Na parte alta da cachoeira
existem outras quedas e lagos e, na parte de baixo, existe um grande poço
ladeado por imensos blocos de pedra. A Cachoeira está situada no coração do
Parque Natural Municipal do Ribeirão do Campo, que protege cerca de 3.150
hectares de área onde se encontram raros ecossistemas que compõem a cadeia do
Espinhaço além das coleções hídricas da região, envolvendo todas as nascentes
formadoras do ribeirão do Campo...
De acordo com o Guia Quatro Rodas, existem
mais de 5.000 cachoeiras catalogadas no País, e a Cachoeira do Tabuleiro é
considerada a melhor cachoeira para visitação de turistas e uma das mais belas
paisagens do Brasil.”...
Em
2007, o Parque do Intendente uniu a antiga Área de Proteção Ambiental Serra do Intendente e o Parque Municipal Ribeirão do Campo.
Saímos
em comboio da Pousada em 5 carros, rumo à entrada do Parque, numa estradinha de
terra bem ruinzinha... O Samuel ficou com receio de não conseguirmos subir a
estrada toda, mas conseguimos chegar até a entrada. A entrada para o Parque
custa R$ 5,00 e você deve preencher uma ficha com seus dados. No nosso caso,
fomos todos incluídos no grupo do Samuel, ele responsável por todas as cerca de
15 “crianças”, como ele nos chamava. No grupo, ainda a presença do Diego, um
guia para “fechar a trilha” e dar umas “mãozinhas e puxadinhas” para todos...Um
banner indicava que o limite de visitação ao Parque são de 250 pessoas, e após
às 14:00 hs, as visitas se encerram. Portanto, planeje-se antes para esta
visita imperdível.
Encontramos
um pessoal do Parque (que não consigo lembrar o nome) fazendo uma panfletagem
do bem: uma coisa boa, educativa e
principalmente ecológica. Achei interessante, como a coisa evolui e hoje em
dia, todos falem em educação ambiental, mas me fez lembrar também, que na nossa
primeira visita à região, junto com uma excursão da Freeway à Serra do Cipó, em
1994, encontramos um grupo de estudantes de uma escola municipal de
Jaboticatubas, parando os ônibus, falando e distribuindo material justamente
falando sobre as questões de preservação ambiental. Não sei se foi
coincidência, mas essa “pegada” ecológica da região merece um destaque.
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Cachoeira do Tabuleiro Foto de Thiago Benedicto |
Uma
caminhada de 3,6 quilômetros, que tem sua dificuldade no desnível entre o
início e o final da caminhada e principalmente no trecho final onde você
caminha sobre as pedras e algumas vezes no leito do rio.
Primeiro
visitamos o Mirante, onde é possível avistar a Cachoeira com a clássica
formação do coração, muitas fotos, explicações do Samuel principalmente sobre a
flora da região e depois descemos em direção ao poço da Cachoeira.
O
poço realmente é imenso, lindo. Escolhemos um pedaço de chão, embaixo de uma
grande rocha fazendo sombra para deixar nossas coisas e todos para a água,
depois da caminhada cansativa. Mais outros dois bônus: o colete salva vidas,
que o Samuel carregava sempre nos passeios, para... mim...brincadeira...
(depois outras meninas usaram também) e nas cachoeiras, o pessoal do Corpo de
Bombeiros, sempre observando a movimentação. Nunca vi bombeiros em cachoeiras e
achei uma iniciativa bem interessante e recomendável, aconselhável em outros
tantos lugares que visitamos.
A
volta foi dura, pelo sol e pela subida. Pegamos os carros e voltamos para a
Pousada, onde nos esperava um almoço com arroz, feijoada, tutu de feijão, uma
cebola roxa apimentada, bolinho de arroz, filé de frango e mais uns 8 tipos de
salada. Regados a jarras de suco natural: laranja, abacaxi com hortelã, abacaxi
com pêssego ou manga.
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No riachinho que fomos "rastando o chinelo"... |
À
tarde, para nos refrescar do calor, fomos até o riozinho que corre bem pertinho
da Pousada, como disse um morador local para o Hebert: “-Dá prá chegá lá
rastando o chinéelo...” com aquele sotaque minero gostoso... essa frase já incorporamos
ao nosso cotidiano!
O
rio estava beeem cheio de gente, muita música e cerveja, e o que desagradou
ainda também, foram a presença de muitos cachorros e logicamente, seus
produtos...
Voltamos
logo para a Pousada, ficamos por ali, no nosso revezamento para os banhos, na
televisão e principalmente conversando com o Samuel.
À
noite, mesmo comendo até quase explodir no almoço, ainda fomos tentados com o
pastel de angú e “tivemos” que experimentar. Este pastel tem uma história
interessante e o Samuel contou que encomenda na fonte mesmo: a D. Lélia.
Diz a história que: “Dona Lelia
aprendeu com a mãe, Mirtila,, que aprendeu a receita com a escrava que a criou.
Quando a avó de D. Lélia morreu, deixou 8 filhos; a escrava então, entregou
cada um deles para seu respectivo padrinho, como era costume na época, e foi
com a pequena Mirtila para a casa de seu padrinho e com ela ficou até morrer A escrava ensinou Mirtila a fazer o pastel de
angú, o pastel de mandioca, o fubá suado e o cuscuz, entre outras iguarias. O
pastel de angu era recheado com a carne que sobrava das mesas dos senhores, e a
massa, preparada com o fubá tirado do milho moído em moinho de pedra movido a
roda d’água. A mãe passou então a receita para os filhos.” . Copiei da revista do acervo do Samuel mas
esqueci de pegar o nome da revista..
Cansados,
satisfeitos, fomos todos dormir, esta noite sem gatinho...
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Cachoeira Rabo de Cavalo Foto de Thiago Benedicto |
Cachoeira Rabo de Cavalo
Segundo
dia, mais um café da manhã “de explodir”, e nos preparamos para o segundo
passeio: a Cachoeira Rabo de Cavalo, e está localizada na Área de Proteção
Ambiental Peixe Tolo.
O
medo era saber se a caminhada seria como do dia anterior, mas o Samuel garantiu
que o maior trecho, e mais árduo seria feito de carro, e a caminhada em si,
tranquila.
E
assim foi: seguimos os 5 carros, numa estrada beem ruim (toda hora falávamos:
ai, meu 4 x 4...). pensei várias vezes que o carrinho neon marca-texto não ia
aguentar o tranco, mas conseguiu cumprir bravamente o rallye! Ai se carro
alugado falasse...
A
trilha foi tranquila, cerca de 1 hora de caminhada, atravessando alguns
córregos e dava vontade de parar em cada um deles.
Ela
é formada por dois cursos d'água, e se divide em duas paralelas com
aproximadamente 40m cada uma (que se unem logo depois, formando uma única queda
de, aproximadamente 80m de altura). Forma um grande poço de aproximadamente
1.750m² e sua profundidade é superior à 6m...
descrição do site da Pousada da Gameleira
Novamente,
usei o colete, pois o poço é bem fundo e depois outras meninas também usaram e
novamente, a presença do Corpo de Bombeiros.
Na
volta, mesma trilha, e o Thiago e o Hebert inauguraram uma nova modalidade de
banho, seguidos logo pelo João e Júlia que era mergulhar naqueles regatos
tentadores com roupa, bota e tudo, uma vez que já estávamos todos molhados e
sujos mesmo...enquanto isso, o Zé Geraldo se aprimorava na arte ninja de andar
pelo barro e permanecer com o sapato intacto, branquinho e seco....
Chegamos
por volta das 17:00 hs para o almoço, com arroz com frango com e sem pequi, uma
delícia, abóbora com quiabo, linguiça, a mesma variedade de saladas e de sobremesa, a especialidade da
casa: doce de leite com hortelã, delicioso!!! Não deixe de provar!
Neste
dia, pedimos um caldinho de jantar: um de abóbora e outro de mandioca,encorpados,
saborosos, jogamos Imagem e Ação,
atrapalhamos todo mundo que queria ver TV e fomos descansar.
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Cachoeira Congonhas foto de Thiago Benedicto |
Cachoeira Congonhas e Zé Cornicha
Neste terceiro
dia, a caminhada partiu da própria Pousada, não precisamos utilizar os carros.
...”A Cachoeira de Congonhas está
localizado em um afluente do Rio Preto, próximo à entrada do cânion ou
boqueirão do Rio Preto. A Cachoeira é formada entre grandes paredões rochosos,
de aproximadamente 90 metros de altura, com uma queda principal com pequeno
volume d'água que se divide e cai sobre rochas, provocando o efeito de Véu da Noiva. O poço da Cachoeira do Congonhas tem
aproximadamente 86m² e sua profundidade é pequena (1,5m no máximo). Suas águas
são frias e transparentes”....
Uma
caminhada de 4 km de ida e 4 km de volta, estávamos com “preguicinha”, eu e a
Júlia e levamos um “pega” do Samuel: -“Mas que cazzo de caminhantes são
essas???”, e depois de uma gostosa sessão alongamento oferecida gentilmente pela
Regina, as dores na perna e na panturrilha melhoraram bastante e acompanhamos o
grupo.
A
caminhada foi tranquila, tirando o início do trecho, uma subida bem íngreme até
o cemitério local.
O
Diego havia comentado e também preciso concordar, as outras cachoeiras são
lindas, fantásticas, mas esta me surpreendeu. Ela se revela somente no final,
uma surpresa, com aquele paredão característico da região, a água caindo
daquela altura, o poço rasinho, dando pé até para mim, não precisei do colete
aqui. Como disse o Samuel, a cachoeira é “para crianças”...sorrindo para mim...e
outro fator que a torna tão especial, é a baixa visitação, somente nosso grupo
desfrutou da cachoeira, parecia um paraíso perdido particular.
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Cachoeira Zé Cornicha foto de Thiago Benedicto |
Na
volta, o pessoal se dividiu: uma parte foi com o Samuel para o mirante, e nós
com o outro grupo para chegar mais rápido a Cachoeira do Zé Cornicha, desfrutar
de um tempo maior de banho.
Também
ficamos sozinhos aqui, só o nosso grupo e nesta pequena e simples cachoeirinha,
finalmente tivemos tempo para descansar e relaxar um pouquinho.
Fizemos
o mesmo caminho de volta para a Pousada, onde nos esperava um feijão tropeiro
(duas vezes na mesma viagem, delícia!!!), e para finalizar, um doce de leite
com chocolate desta vez.. ai que chato...
Depois
do almoço, começamos a jogar Imagem e Ação, e foram chegando o grupo da
Pousada, que a esta altura, já formava uma grande família, pelo tempo e pelas
vivências que tivemos nos passeios e no convívio que tivemos. Nos revezamos
todos, jogando, arrumando as malas e tomando banho e o dia terminou com uma festinha de
confraternização meio improvisada, onde compartilhamos dois queijos locais
deliciosos, algumas garrafas de cerveja, sucos e... o restinho dos lanches e
petiscos que todos trouxeram para as trilhas. Cabe ressaltar aqui, a influência
direta dos proprietários, Samuel e Sérgio, que deixaram todos a vontade e
também ajudaram a promover o entrosamento entre todos os hóspedes da Pousada,
durante todo o período.
Descansamos,
tomamos o café da manhã no dia seguinte e nos despedimos do Samuel e deste
lugar lindo.
Nossa impressões
Por mais clichê
que possa parecer, (e vai parecer, mas é o que sentimos...), comentávamos um
pouco antes desta viagem que as duas viagens internacionais anteriores foram
maravilhosas, aprendemos, nos divertimos, vivenciamos coisas completamente
diferentes, mas... faltava um quê.. e justamente isso que procurávamos e
sentimos falta encontramos de volta na nossa amada Minas Gerais: comida farta e
saborosa, aconchego, hospitalidade, paisagens verdejantes e principalmente o
calor humano que só conseguimos encontrar aqui, no nosso país. Fica bem fácil
entender porque é que muito estrangeiro se apaixona por este pedaço de mundo...